O bullying consiste na prática de atos de violência com a intenção de machucar fisicamente ou psicologicamente a vítima.
Esses atos podem ser cometidos em qualquer ambiente. Porém, o que tem se destacado atualmente são os atos violentos nas escolas.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), um a cada 10 estudantes no Brasil sofre violência. Em 2016, entrou em vigor a Lei nº 13.185, que classifica como bullying qualquer ato de “intimidação sistemática, violência física ou psicológica e atos de humilhação ou discriminação.”
Para falar mais sobre o assunto, vamos entrevistar a profissional Alice Carvalho – CRP: 03 / 20186, que atua na Holos da Pituba.
Qual a sua abordagem?
Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e sou especialista em Saúde Mental, membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC) e da Associação Baiana de Terapias Cognitivas.
Quais são as principais questões levantadas pelos seus pacientes?
A falta de diálogo, a invalidação de sentimentos, a falta de um tempo de qualidade, o excesso ou falta de limites, a negligência dos cuidadores, o excesso ou falta de amparo são algumas das questões que podem causar consequências para toda a vida.
Como reconhecer que uma criança ou adolescente está sofrendo bullying?
As crianças e adolescentes reagem de forma subjetiva ao sofrimento. O mais importante é que os cuidadores (e isso todos os corresponsáveis pela criação como familiares, professores, babá, entre outros) estejam alerta a uma mudança de comportamento.
Agressividade, o choro, o isolamento, perda de interesse em atividades, mudança no sono entre outras podem ser um sinal de alerta.
Quais os traumas que esses atos podem gerar na vida da vítima?
Quando uma criança não consegue ter o amparo, a segurança e a validação dos seus sentimentos nos ambientes e com pessoas que deveriam lhe proporcionar essa segurança podem desencadear pensamentos distorcidos do mundo, das pessoas e de si mesma.
Esses pensamentos, aliados a outros fatores biopsicossociais, tendem a gerar vários transtornos como por exemplos a ansiedade, pânico, Transtorno de Estresse Pós – Traumático (TEPT), depressão, alguns transtornos de personalidade entre outros.
Em relação aos últimos casos de “massacre” nas escolas, qual a sua opinião?
Nem todos estão atentos aos sinais. Sei que essas podem ser sutis ou, em algumas vezes, trazem desconforto para os pais.
É difícil e sofrido admitir que uma criança tem um problema. E se for o meu filho que comete o Bullying? Todos merecem cuidados.
A Saúde Mental e Emocional sempre foram negligenciadas e sofreram preconceitos ao logo da história.
Nos últimos anos, nunca se falou tanto da sua importância. Porém, muito pouco foi feito para mudar esse cenário. Enquanto não entendermos que somos seres biopsicossociais e que precisamos dar à saúde emocional e mental o mesmo tratamento e importância, continuaremos vendo, infelizmente, desfechos trágicos.
Vivemos em sociedade e todos somos responsáveis pela vida de uma criança. Se alguém notar algo, precisa comunicar ao responsável.
De que maneira a escola pode combater ou prevenir os atos de violência?
Vivemos em sociedade e todos temos uma parcela de responsabilidade pela vida e desenvolvimento de uma criança. Se alguém notar algo, precisa comunicar aos responsáveis.
Devem ser feitas a prevenção, psicoeducação, o encaminhamento e intervenções quando necessário, em uma linguagem acessível e com empatia.
A escola precisa e deve ser um local seguro e validador para a formação de adultos saudáveis.
Alice Carvalho - CRP: 03/20186