O Movimento Janeiro Branco foi criado em janeiro de 2014, com o propósito de debater a psicoeducação dos indivíduos e a necessidade da criação de políticas públicas voltadas para a cultura da Saúde Mental.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgados em 2022, cerca de 1 bilhão de pessoas convivem com algum transtorno relacionado à Saúde Mental. A maioria deles, agravado pela Pandemia da Covid-19.
Segundo pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo (USP), o Brasil é um dos países com a maior quantidade de pessoas enfrentando questões de ordem psicológica.
O tema da Campanha Janeiro Branco de 2023 é “A vida pede equilíbrio!”, fazendo menção às mudanças
Neste mês vamos conversar com Jefté Rodrigo – CRP: 03/13462, que tem como um dos Motivos de Atendimento a Regulação Emocional.
Qual abordagem você aplica nos seus atendimentos?
Atuo alinhado à Terapia Cognitivo Comportamental. Porém penso que é muito importante entender o indivíduo, seus desejos, vontades e sua forma de enxergar o mundo. Então, mesmo com uma abordagem definida, costumo fazer adaptações para melhor acolher e atender cada paciente!
Quais são as principais questões levadas pelos seus pacientes?
A ansiedade, em suas diferentes formas, tem sido a principal demanda da maioria dos pacientes que me procuram. Muitos por conta de algum diagnóstico a ser investigado, mas também existem muitas pessoas ansiosas por causa de alguma sensação de inadequação, seja familiar, profissional ou social. Atualmente a sociedade apresenta diversas cobranças, promovendo ansiedade com todas as metas a serem alcançadas.
Porque a Saúde Mental ainda é alvo de tanto preconceito?
Atribuo à falta de conhecimento sobre o que é ‘Saúde Mental’. Aconselhar alguém a ir a um psicólogo, em certas situações pode chegar a soar ‘ofensivo’, quanto mais recomendar uma consulta com um psiquiatra! Acho que isso acontece porque as pessoas não têm o entendimento do significado de ter uma ‘mente saudável’. Acham que deve se resumir a ‘ser ou não ser louco’, e que se forem procurar esses profissionais, de alguma forma seriam excluídos ou menosprezados em suas comunidades.
O que você acha das políticas públicas voltadas para as questões da Saúde Mental?
No Brasil temos o SUS como a base da Saúde Pública, e devemos cada vez mais trabalhar para promovê-lo e para trazer melhorias! Atualmente dispomos de alguns serviços como por exemplo os CAPS - Centros de Atenção Psicossocial, que acolhem pacientes com transtornos mentais, estimulando a integração familiar e social e os auxiliando a conquistar autonomia.
Acredito que o País caminha para uma estruturação acertada de Saúde Mental ao investir na reforma psiquiátrica, promovendo direitos aos usuários e seus familiares, dando a eles dignidade e acolhimento.
De que maneira podemos debater a importância desse tema (Saúde Mental)?
Percebo que as atuais redes sociais são excelentes instrumentos de propagação de informação, além de serem espaços de debate para alcançar a população a respeito desse tema. Inclusive já é possível encontrar vários colegas profissionais de saúde (psiquiatras, psicólogas, fonoaudiólogos, nutricionistas, enfermeiras e outros) que têm feito um trabalho notável informando sobre Saúde.
Para você, qual a importância do Movimento Janeiro Branco?
Penso que é um movimento extremamente relevante que tem o objetivo de levantar a Bandeira da Saúde Mental a fim de levar conhecimento e desmistificar preconceitos a respeito da mente, emoções, pensamentos, comportamentos e dos demais processos mentais do ser humano, como também informar sobre os transtornos mentais e mostrar que é possível superá-los e/ou aprender a lidar com eles.
Como podemos desmistificar questões relacionadas à Saúde Mental?
Vemos que a população enxerga as profissões de Saúde Mental como algo ‘místico’. Entendo então que "desmistificar"seria o processo de ensinar e comunicar à sociedade de uma forma que seja compreensível, simples e acessível. Tornar claro através de palestras, postagens e lives em redes sociais ao falarmos sobre transtornos mentais ou sobre um padrão de comportamento prejudicial. Mostrar que essas demandas trazem problemas, mas que são comuns, como a diabetes ou miopia, possuindo tratamentos e formas de seguir em frente e de ter uma vida saudável!
Jefté Rodrigo - CRP: 03/13462