Conversando com Márcia Mattos sobre Saúde Mental na Terceira Idade


Márcia Mattos

por Márcia Mattos

27/03/2023
Conversando com Márcia Mattos sobre Saúde Mental na Terceira Idade

A chegada à Terceira Idade nos remete não só à fase de declínio físico e cognitivo, mas também à experiência e sabedoria sobre as questões relacionadas à vida.

 De acordo com matéria veiculada neste mês na CNN Brasil, os idosos correspondem a 15% da população brasileira e, além de doenças físicas, esse público tem uma grande chance de desenvolver problemas relacionados à Saúde Mental, tais como Depressão, Ansiedade, Demência, entre outros.

Para falar sobre essa questão, convidamos Márcia Mattos – CRP: 03/000861, que atende também pacientes da Terceira Idade.

 Não perca essa entrevista!

 Qual a faixa etária principal dos idosos que você atende?

A prevalência em meu consultório são de idosos 60+ e 70+, em sua grande maioria de senhoras (mulheres).

 

Quais são as principais questões levadas por seus pacientes da Terceira Idade?

As questões em geral giram em torno de temas como: necessidade de interação e a escuta por alguém que possa acolher sem julgamentos, a convivência cada vez maior com a perspectiva de finitude advinda de perdas de pessoas (amigos e familiares) na faixa etária mais próxima à deles, o desejo de manter sua autonomia e independência (relacionado aos parentes próximos), a necessidade de fazer contato com o passado e com as experiência pessoais sem se sentir criticado, além da busca por validação de seus desejos atuais.

 

Na sua opinião, quais os principais fatores que levam um idoso a desenvolver Transtornos relacionados à Saúde Mental?

Alguns elementos relacionados ao estilo de vida do idoso podem favorecer o aparecimento dos transtornos.  Com o aumento da expectativa de vida, crescem as prevalências de doenças crônicas, surgem os riscos de limitações físicas, de perdas cognitivas, assim como a propensão a acidentes e ao isolamento social.

Tudo isso leva à perda da qualidade de vida desses idosos porque tais fatores impactam em sua independência e autoestima. O afastamento de suas rotinas ou de seu ambiente familiar e social podem ser considerados como fatores que afetam a saúde mental. Não podemos deixar de considerar também os aspectos físicos naturais do processo de envelhecimento.

 

Quais Transtornos afetam mais esse público?

Na minha prática clínica, tenho visto como sintomas mais frequentes que levam os idosos a buscar ajuda do psicólogo as queixas de insônia, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração, esquecimento, ansiedade e muitas e variadas queixas somáticas inespecíficas, nem sempre valorizadas como uma possível parcela de origem emocional.

Os transtornos incluem quadros de depressão (depressão ou estados depressivos - quadros de alteração de humor são o mais importante problema de saúde mental nessa faixa etária), transtornos ansiosos, até os quadros degenerativos ou de demência, estes últimos embora comuns, quase não levam à busca do apoio psicológico.

 

De que maneira a família do paciente deve agir?

A família poderia e deveria funcionar como a principal rede de apoio para garantir a saúde física e mental do idoso. No entanto, nem sempre é isso que acontece. Muitas vezes, é o ambiente familiar pouco acolhedor que atua como gatilho para o aparecimento dos transtornos emocionais.

Quando a família é fonte de proteção e pode oferecer esse apoio, percebemos o efeito positivo que isso tem na evolução do tratamento desses pacientes que buscam o atendimento psicológico. 

A família pode ser o lugar de incentivo à autonomia “possível” de seu parente idoso. O que vimos, entretanto, é que é mais fácil limitar a qualidade de vida do mesmo, criando espaços de restrita inclusão e convivência, gerando um grau de dependência direta com um ou poucos membros da família, criando um relacionamento pautado pelo pouco afeto, e quase sempre sendo o idoso visto como um fardo.

 

Quais a sua dica para um Envelhecimento saudável?

Acredito que as dicas para o envelhecimento saudável começam desde cedo e fazem parte do nosso estilo de vida.  Na verdade, vale para todos nós que buscamos ter uma vida física e mental saudável.

Manter-se ativo com regularidade. O sedentarismo é inimigo da saúde. Realizar uma caminhada diária com exposição ao sol em horários mais adequados, vai ajudar na manutenção do bom estado de ânimo para suas atividades diárias.

Rever os hábitos alimentares. Optar por uma alimentação leve e saudável. Muita ingestão de água, para os idosos preferencialmente durante o dia para não interferir na qualidade do sono. Chamo muita atenção para evitar os radicalismos de dieta, especialmente para os mais idosos. Uma vida muito restritiva dos pequenos prazeres pode vir a ser gatilho para quadros depressivos.

Garantir a regularidade do acompanhamento médico e do uso de medicações, quando indicado. O mesmo vale para o atendimento psicológico.

Buscar manter o relacionamento social com a família e com os amigos.

Estimular a participação em eventos sociais com pessoas de seus grupos de amizades ou que possuam interesses comuns. Tenho muitos pacientes que frequentam bailes, academias, cursos e viagens para grupos da terceira idade.

Envolver a família no acolhimento afetivo e na manutenção da autonomia do idoso (sempre que possível). A dependência excessiva ou o afastamento da convivência com os familiares muitas vezes pode levar à perda do interesse pela vida.

 

Márcia Mattos - CRP: 03/000861

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